A obsoleta e esquecida arte de escrever cartas



Eu sempre adorei escrever e receber cartas. Houve uma época, em que com o intuito de aprender línguas eu me inscrevi em um órgão de intercâmbio de jovens. Era preciso preencher um formulário com suas características e preferências pessoais, também devia-se escolher o idioma preferido, qual a idade, sexo e país da pessoa com quem você queria se corresponder.
Lembro-me que esperei ansiosamente pela resposta. Quando recebi quatro etiquetas com endereços, gastei todo o meu parco inglês escrevendo uma singela carta de apresentação para as tais quatro pessoas, seguindo um modelo básico fornecido pelo tal órgão.
Meses se passaram, naquela época o correio era mais lento e bem menos confiável do que é hoje em dia, e não recebi nenhuma resposta. Fiquei arrasada!
Já havia desistido da idéia quando chegou uma carta simples, de uma página somente, da garota inglesa perguntando se eu havia desistido de ser sua pen-pal, já que eu não havia respondido `a sua carta. Levei dois dias para ler e entender a carta, primeiro pelo meu parco inglês como já disse, depois pela letra difícil dela (Liz me perdoe!). Fiquei radiante e respondi, quando a segunda carta de quatro páginas frente e verso chegou quase chorei! Levei uma semana para ler! E o resto é história, nos correspondemos até hoje, exatos trinta anos depois...

Contei tudo isso prá quê afinal? Apenas para registrar a minha enorme indignação frente ao desinteresse dos meus alunos em escrever uma carta! Essa foi a forma de avaliação da primeira oficina do Projeto Vale Sonhar, e os resultados são sofríveis! Só quero ver a cara da Rosalinde quando ela ler certas"pérolas" literárias....

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá! Eu fiquei por 3 anos me correspondendo com pessoas de todo o Brasil... Foi uma ótima experiência para mim, que tinha apenas 12 anos quando comecei. Entretanto, depois de certo tempo fui deixando as cartas de lado, a internet foi tomando espaço e hoje nem minhas cartinhas tenho mais. Eu as guardei por todo esse tempo, mas já estavam ocupando um espaço em meu guarda roupas que poderia ser preenchido com minhas novas bugigangas. hahaha Ainda guardo uma coleção de quase 500 cartões postais que ganhei de um correspondente do Ceará.

Ana Maria disse...

Oi Anônimo

Eu ainda acho fascinante você pegar um papel, uma caneta e escrever uma carta!

Eu sempre fiz disso um ritual especial, escolher o papel e a caneta com cuidado, escolher o melhor lugar para escrever, sentar confortavelmente.

E então, assim que se encosta a caneta no papel, vem as dúvidas, as incertezas, ao mesmo tempo chegam as ideias e inspirações! Tanta coisa, que eu fico meio congelada, congestionada de tanta emoção e expectativa!

Ainda amo escrever! Apesar de ter escrito pouco nos últimos anos. Como você mesmo disse o tempo passa, e muitas coisas se perdem.

Espero que você ainda encontre um tempo para escrever.

Um abraço