Os organismos unicelulares não podem aumentar indefinidamente o seu tamanho. À medida que aumenta de tamanho, o volume interior de uma célula aumenta, o que provoca o aumento correspondente do seu metabolismo celular.
Este aumento do metabolismo exige o aumento das trocas de materiais com o exterior (entrada de O2 e saída de CO2, entrada de nutrientes e saída de resíduos resultantes do metabolismo através da membrana citoplasmática), para garantir os níveis mais altos de metabolismo.
No entanto, existe uma barreira física ao aumento do tamanho das células, porque ao aumento de volume da célula corresponde um aumento muito mais pequeno, da superfície da membrana citoplasmática em contato com o meio extracelular.
O metabolismo celular depende, assim, da razão entre a superfície externa da célula e o seu volume.
Face à impossibilidade de aumentarem indefinidamente o seu volume, os seres vivos unicelulares seguiram outras vias evolutivas que haveriam de originar a organização em colônias e, posteriormente, a pluricelularidade.
A associação de seres unicelulares em estruturas maiores e mais complexas - as colônias - bem como o aparecimento de seres pluricelulares vieram permitir o aumento do volume, mantendo elevada a superfície de contacto das células com o seu exterior. Desta forma, garantida a eficácia das trocas e a eficiência do seu metabolismo, o processo evolutivo pôde prosseguir no sentido do aumento de volume do organismo.
A alga Volvox é um ser colonial constituído por uma esfera oca de células biflageladas mergulhadas numa matriz gelatinosa que as une. Os flagelos estão localizados para o exterior da esfera e permitem o movimento da colônia. As células mantêm a sua independência, apesar de existirem ligações citoplasmáticas entre elas. Algumas células de maiores dimensões têm função reprodutiva, o que indicia uma incipiente especialização celular. Apesar deste aumento gradual de complexidade e de interligação entre as suas células, os organismos coloniais não constituem seres pluricelulares, uma vez que a diferenciação celular ou não existe ou é muito reduzida. Admite-se que os primeiros seres multicelulares tenham surgido na sequência de um aumento de complexidade e diferenciação celular nos seres coloniais. Colônias semelhantes ao Volvox poderão, por esta via, ter dado origem às algas verdes multicelulares.
A formação de colônias de algas verdes (C) resultou da associação das algas verdes unicelulares.
O elevado grau de interligação entre as suas células e a diferenciação celular abriram, posteriormente, caminho ao aparecimento dos tecidos e dos órgãos que caracterizam a maioria dos seres multicelulares.
Um modelo de evolução dos eucariontes unicelulares até aos seres multicelulares com diferenciação celular.
O aparecimento da multicelularidade permitiu uma série de tendências evolutivas que acabaram por conferir vantagens aos respectivos organismos, como:
- a diferenciação celular, com a consequente especialização no desempenho de determinadas funções;
- a diminuição da taxa metabólica e utilização mais eficaz da energia, resultado da diferenciação celular;
- o aparecimento de seres de maiores dimensões que mantêm constante a relação superfície/volume das suas células;
- uma maior diversidade de formas que conduziu a uma melhor adaptação aos diferentes ambientes;
- uma maior autonomia em relação ao meio externo, dado que os sistemas de órgãos garantem que o meio interno mantenha um maior equilíbrio (homeostasia) face às flutuações do meio externo.
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